Embora não tão longe quanto outras nações industrializadas, os Estados Unidos estão presenciando um movimento definitivo em direção aos veículos movidos a hidrogênio como uma forma de transição dos combustíveis baseados em carbono.
Algumas das maiores economias do mundo estão adotando com entusiasmo as células de combustível hidrogênio e veículos a hidrogênio como uma forma de reduzir suas emissões de carbono e, futuramente, eliminá-las completamente. A seguir estão alguns exemplos de iniciativas recentes de descarbonização em todo o mundo:
- O Japão tem feito um esforço expressivo por uma sociedade baseada na energia de hidrogênio. O país criou sua Estratégia Básica de Hidrogênio em 2017 e, no ano seguinte, sediou a Reunião Ministerial Sobre Energia de Hidrogênio com os governos interessados. O Toyota Mirai é o primeiro veículo elétrico a célula de combustível disponível comercialmente (VECC), e o Japão atualmente tem a maior instalação do mundo para a produção de H2 usando energia renovável: o Campo de Pesquisa de Energia de Hidrogênio de Fukushima (FH2R).
- A Alemanha possui um plano de ação, a Estratégia Nacional de Hidrogênio, com 38 medidas a serem implantadas pelo país e pela União Europeia até o final de 2023. Atualmente, o país possui 90 postos de abastecimento de hidrogênio – a segunda maior rede depois do Japão, com 135 postos – e outros em andamento.
- A Coreia do Sul e a Hyundai têm uma visão de produzir 2,9 milhões de VECCs até 2040. O consórcio HyNet do país planeja construir 100 novos postos de abastecimento de hidrogênio no próximo ano.
- O plano da China para uma economia baseada em hidrogênio inclui mais de 1 milhão de VECCs e 1.000 estações de reabastecimento de hidrogênio até 2030.
- A França apresentou sua estratégia nacional de hidrogênio em Setembro de 2020. Do investimento de € 7,2 bilhões até 2030, € 1,5 bilhão serão gastos em usinas de eletrólise e € 1 bilhão em caminhões pesados.
- O JIVE (Iniciativa Conjunta para Veículos a Hidrogênio na Europa), financiado pela UE, busca implantar ônibus movidos a hidrogênio em todos os estados membros.
- A Austrália introduziu sua Estratégia Nacional de Hidrogênio no final de 2019, com o objetivo final de ser um “grande player global em hidrogênio limpo até 2030”.
- O Canadá lançou recentemente sua Estratégia de Hidrogênio, que inclui uma economia de hidrogênio limpo como parte de sua meta de atingir zero emissão líquida de gases de efeito estufa até 2050.
- No Brasil existe uma aposta muita grande em projetos em energia limpa como o projeto “Base One” para produção de hidrogênio verde previsto para ocorrer no estado do Ceará em parceria com a empresa israelense Enegix Energy com a investimentos de US$ 5,4 bilhões. Também nesse caminho, a estatal brasileira Eletrobras, o centro de pesquisas de Energia do Brasil (CEPEL) e a divisão de energia da engenharia alemã Siemens Energy assinaram um MOU para estudos do ciclo tecnológico completo do hidrogênio verde no Brasil, da produção ao consumo para uma planta piloto.
- O Chile, foi o primeiro país sul-americano a apresentar uma “Estratégia Nacional de Hidrogênio Verde” em novembro de 2020. Projetos como HyEx em parceria com a francesa Engie e a empresa chilena de serviços de mineração Enaex e o projeto HIF (Highly Innovative Fuels) da AME, Enap, Enel Green Power, Porsche e Siemens Energy.
A Aceleração Irregular em Direção ao Hidrogênio nos EUA
Os Estados Unidos tiveram várias interrupções e retomadas em sua jornada para uma economia baseada no hidrogênio. George W. Bush foi um dos principais defensores das células de combustível hidrogênio. Obama extinguiu o plano de US $1,2 bilhão de seu antecessor voltado à energia de hidrogênio, mas mudou de direção quatro anos depois e passou a apoiar a tecnologia de células de combustível. Embora Donald Trump defendesse o carvão e outros combustíveis fósseis, em novembro de 2020 o Departamento de Energia lançou seu Plano do Programa de Hidrogênio para promover pesquisas, desenvolvimento e demonstrações.
O governo Biden pretende investir US $400 bilhões em energia limpa e inovação na próxima década. Na Califórnia, o decreto do governador Newsom, emitido em Setembro de 2020, diz que, a partir de 2035, todos os novos carros de passeio e caminhões vendidos no estado deverão ter emissões zero e “todas as operações de veículos médios e pesados serão 100% de emissões zero até 2045, onde for possível.” Embora nenhum dos planos mencione especificamente o hidrogênio, o entendimento é que os veículos com emissão zero incluem VECCs.
É verdade que os EUA não estão tão longe quanto alguns de seus concorrentes asiáticos e europeus no que diz respeito à implementação do hidrogênio. Atualmente, existem apenas 45 estações de hidrogênio no país, 43 das quais estão na Califórnia. No entanto, em uma mudança tão gradual que é difícil para a maioria dos americanos perceber, o interesse está aumentando, como visto no setor empresarial:
- Além de um novo sistema de bateria, a General Motors está trabalhando com a Honda no projeto Hydrotec, sua tecnologia de célula de combustível hidrogênio. A GM também comprou uma participação de 11% da Nikola, fabricante de caminhões de emissão zero que utilizam bateria ou tecnologia de célula de combustível hidrogênio, sediada em Phoenix, Arizona.
- A Toyota e a fabricante de caminhões Hino desenvolverão caminhões com célula de combustível a hidrogênio para o mercado norteamericano. A Toyota também está colaborando com a Kenworth, de Washington, para desenvolver caminhões pesados a hidrogênio.
- O CEO e presidente da Cummins, fabricante de motores com sede em Indiana, disse no Dia do Hidrogênio, celebrado na empresa em 2020: “As tecnologias de hidrogênio, especialmente eletrolisadores, serão uma parte do crescimento rápido e cada vez mais importante de nossos negócios nos próximos anos” e que “em algum momento no futuro, será a maior parte do que a Cummins fornecerá aos clientes.”
- A CF Industries, empresa de fertilizantes sediada em Illinois, juntou-se ao Hydrogen Council (Conselho de Hidrogênio) global como parte de seu compromisso de “descarbonizar a maior plataforma de produção de amônia do mundo.”
- Outros membros americanos do comitê de direção do Hydrogen Council incluem 3M, Air Products, Chemours, Cummins, GM e Microsoft.
Embora os EUA estejam mais lentos do que outras nações na adoção de veículos a hidrogênio, o país é, na verdade, um líder global quando se trata de tecnologias de hidrogênio. Além dos exemplos mencionados, a Plug Power, com sede em Nova York, foi a parceira escolhida pela Renault da França e pelo Grupo SK da Coreia do Sul para fornecer hidrogênio e produtos de célula de combustível.